GABRIELA GUERREIRO
da Folha Online, em Brasília
A proposta do governo federal de destinar integralmente os recursos da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira) para a área da saúde provocou um racha na bancada do PSDB no Senado. Alguns tucanos já admitem votar favoravelmente à prorrogação da CPMF, embora o partido mantenha oficialmente a postura de que todos os tucanos devem derrubar a matéria no plenário.
A Folha Online apurou que o clima na bancada é de tensão. O presidente do partido, senador Sérgio Guerra (PSDB-PE), disse que os tucanos não podem começar a discutir uma proposta que não foi apresentada formalmente pelo governo. "Se a proposta chegar, vamos saber [se o partido muda de posição]. Não podemos trabalhar com um cenário surrealista. A valorização da saúde é forte para nós", afirmou.
Já o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), ex-presidente do partido, disse que os 13 senadores tucanos votarão unidos contra a prorrogação da CPMF. "Não há possibilidade de haver racha na bancada, nem divisão. Vamos votar contra, todos unidos. Não recebemos concretamente nenhuma proposta de mandar todo o dinheiro para a saúde", afirmou.
Apesar da postura inflexível, Tasso disse que a "suposta proposta" seria boa porque garantiria o aumento do repasse para a área da saúde. Assim como Tasso, Guerra disse que parte da bancada se sensibilizou com a proposta devido à preocupação do partido com a saúde no país. "Vários senadores tucanos entendem a saúde como uma questão forte para nós, que nos toca. Mas não há o que discutir porque não tem proposta."
O senador Marconi Perillo (PSDB-GO), por sua vez, admitiu que pode votar a favor da CPMF se receber argumentos do governo que o façam mudar de posição. "Se eu for convencido de que é importante aprovar a CPMF, voto a favor. Mas acho que o tempo é muito curto para esse convencimento", avaliou.
O vice-líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR), afirmou que o clima de tensão na bancada pode prejudicar a unidade dos tucanos --mas disse esperar que os 13 senadores mantenham o compromisso de derrotar a CPMF no plenário da Casa. "A bancada decidiu votar fechada, unida. Há um ambiente nervoso, há tensão, mas a preservação da unidade é o comprometimento mais forte. Traição, eu creio que não haverá. Só se eu estiver sendo enganado por todos", disse.
Proposta
Na tentativa de conquistar os votos dos tucanos pró-CPMF, o governo apresentou a proposta de repassar integralmente os recursos arrecadados com a CPMF para a área da saúde.
O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), disse acreditar que a proposta sensibilize senadores do PSDB a mudarem de idéia em relação ao "imposto do cheque".
"Essa é uma proposição do conselho de secretários de saúde dos Estados, dos governadores e prefeitos, e o governo quer saber se essa também é a posição do PSDB, ou seja, essa proposição que está na mesa traz a oposição para votar com o governo na renovação da CPMF? Se trouxer é um caminho para nós discutirmos e ainda dá tempo para um entendimento", explicou.
Fonte: Folha Online
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