segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Dívida pública cresce e chega a 67% do Produto Interno Bruto do país

Nem o superavit primário (economia para pagamento de juros) de R$ 27,9 bilhões foi suficiente para frear o aumento da dívida bruta do setor público em janeiro. Segundo o Banco Central (BC), o endividamento das três esferas de governo (União, estados, municípios eempresas estatais) chegou a 67% do Produto Interno Bruto (PIB) no mês passado. Para piorar, a autoridade monetária informou que a tendência é de que o volume continue a crescer ao longo do ano e projetou que, em fevereiro, o indicador chegará a 67,4%. A elevação do endividamento é explicada pelos sucessivos deficits fiscais acumulados e pela expansão das despesas com juros, que nos últimos 12 meses totalizaram R$ 539,98 bilhões, o equivalente a 9,06% do PIB.
O chefe do Departamento Econômico do BC, Túlio Maciel, explicou que, mesmo que o governo alcance o superavit primário oficialmente previsto para o ano, de R$ 30,5 bilhões — algo em que nenhum analista de mercado acredita —, isso não será suficiente para estabilizar a dívida. Ele ressaltou que janeiro éum mês sazonalmente favorável, mas que não há perspectiva de que os próximos resultados sejam tão robustos. Maciel ainda lembrou que o saldo do mês passado foi reforçado por receitas extraordinárias de R$ 11 bilhões pagas ao governo federal pela concessão de usinas hidrelétricas.
ARRECADAÇÃO
Outro fator negativo é a queda na arrecadação tributária de estados e municípios. Os governos regionais pouparam R$ 7,9 bilhões em janeiro, mas os resultados devem cair ao longo de 2016. “O ritmo da atividade já vem afetando as contas deles, e isso tende a continuar, a despeito do aumento de algumas alíquotas de ICMS neste início de ano”, disse Maciel. No ano passado, a receita tributo teve queda real de 5,5%.
Nas contas do economista-chefe da Sul América Investimentos, Newton Rosa, a dívida bruta chegará a 77,3% do PIB no fim deste ano e a 82% em 2017. Segundo ele, o governo não conseguirá fazer superavits primários em meio à recessão à queda na arrecadação de tributos. “O que poderia reverter esse quadro é um choque de confiança, mas isso passa por uma solução política que não se vislumbra”, comentou. Para o economista-chefe do Banco Haitong, Jankiel Santos, a redução da dívida depende de reformas estruturais que reduzam os gastos públicos. Ele avaliou, porém, que não há ambiente no Congresso para a aprovação de projetos desse tipo.


quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Expectativa de inflação dos consumidores bate novo recorde

Os consumidores já esperam que a inflação alcance 11,4% nos próximos 12 meses, segundo pesquisa divulgada nesta quarta-feira (24) pela Fundação Getulio Vargas (FGV). É a maior taxa desde o início da série histórica do indicador, em setembro de 2005.
Apesar do recorde, o resultado é apenas 0,1 ponto percentual maior que o registrado em janeiro.
“O resultado de fevereiro indica que a expectativa de inflação dos consumidores estabilizou no
patamar de 11%. O resultado, estável com relação aos dois meses anteriores, mostra que,
apesar de ter desacelerado, a expectativa de inflação dos consumidores para os próximos doze
meses é bastante elevada”, diz, em nota, o economista Pedro Costa Ferreira, da FGV/Ibre.
Faixas de renda
Em fevereiro, a maior alta na expectativa de inflação veio da faixa de renda mais baixa. Entre os consumidores com renda até R$ 2,1 mil, a estimativa é que a inflação chegue a 12%, ante uma previsão de 11,6% em janeiro.
Essa estimativa vai caindo conforme aumenta a renda: entre quem ganha de R$ 2.100,01 e R$ 4.800, cai para 11,4%; na faixa seguinte, de R$ 4.800,01 a R$ 9.600, para 11,3%; e para a faixa mais alta, acima de R$ 9.600, recua para 11%.
Menos de 7% dos consumidores entrevistados acredita que a inflação pode ficar abaixo do teto da meta do governo, de 6,5%. Enquanto isso, 26,5% acham que ela vai passar dos 12%.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Emprego na indústria brasileira teve queda histórica em 2015, diz IBGE

A indústria brasileira teve uma queda histórica na geração de empregos. Segundo o IBGE, o ano passado fechou com o pior desempenho nos últimos 14 anos.
A indústria cortou vagas em todos os setores. As quedas mais significativas foram na produção de máquinas e aparelhos eletrônicos e de comunicação (-13,9%); meios de transporte (-11,4%); produtos de metal (-10,7%); máquinas e equipamentos (-8,3%). Houve queda também nos rendimentos. Os salários tiveram redução de quase 8% (-7,9%).
Se uma indústria vende menos, o empresário pisa no freio e reduz a produção. Quando isso acontece, a fábrica precisa de menos trabalhadores e acaba com menos dinheiro para pagar os salários dos empregados, o que gera as demissões. 
“Nesse ambiente de baixo investimento, baixa perspectiva de consumo e produção em queda as empresas acabam não contratando”, fala Vinícius Botelho, pesquisador IBRE-FGV.
Em 2009, no auge da crise econômica mundial, o emprego na indústria teve uma queda brusca de 5%. No ano seguinte o setor se recuperou um pouco (2010 +3,4%), desde então, só baixas e 2015 fechou com a maior queda desde que o levantamento iniciou, em 2002.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Para indústria, 2015 terminou como pior ano em duas décadas

Brasília - Para a indústria, 2015 terminou como o pior ano das últimas duas décadas.
A avaliação é do gerente-executivo da Unidade de Política Econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Flávio Castelo Branco, que apresentou pesquisa de indicadores do setor.
Segundo ele, a Utilização da Capacidade Instalada (UCI), na média do ano, bateu no menor nível da série histórica (78,9%), iniciada em 2003.
Publicidade
Durante a apresentação dos dados, que mostraram o desempenho de faturamento, emprego, massa salarial, entre outros, o economista frisou mais de uma vez que os resultados foram piores até mesmo que em 2009, o ano pós-crise financeira internacional, que teve a quebra do banco Lehman Brothers como estopim, em 2008.
"Foi um ano bastante negativo para indústria e o resultado de dezembro mostrou nova piora", observou Castelo Branco.
Ele ponderou que o nível de atividade está "bastante reduzido", alcançando vários seguimentos.
"A recessão é generalizada na economia, mas na indústria é mais acentuada", avaliou.
O economista ainda classificou 2016 como um ano de "grande incerteza", sobretudo em relação à política fiscal. Para ele, não há expectativa de reversão no curto prazo.
As condicionantes domésticas para o crescimento, como consumo e investimentos, permanecem em queda neste ano.
Apenas para os seguimentos ligados às exportações há uma perspectiva mais positiva diante da mudança de patamar do dólar, que no ano passado subiu quase 50% frente o real.
"Os setores com demanda externa mostram sinais de reação, mas, dado o tamanho da recessão, as exportações não serão suficientes para mudar o quadro", argumentou.
Castelo Branco se mostrou cético quanto ao último pacote de medidas anunciado pelo governo na semana passada e que promete dar impulso para os investimentos e para o consumo e previu uma nova queda da atividade industrial em 2016.
Ele ponderou, no entanto, que melhora das condições de crédito tende a dar algum alívio, mas incertezas quanto a política fiscal e a inflação continuam a pesar.
"Com o custo do crédito nos níveis atuais (juros elevados), a demanda por crédito está pequena. O pacote do governo terá algum efeito, mas não tão forte para reverter quadro", argumentou.