Além de errarem na avaliação e na duração da crise que começou nos EUA, os economistas cometeram 62 cálculos equivocados, o que garante a todos eles um possível ou suposto Prêmio Nobel da idiotice, combinado com o da imprudência e da incompetência. Só que, apesar de tudo, são ouvidos e seguidos.
Também insistem em comparar 1929 com 2009, Roosevelt com Obama. Algumas coisas são parecidas, mas o que vale mesmo é a dessemelhança. (“O quão dessemelhante”.) 80 anos depois, juram que as crises são iguais. São parecidas pelo fato de envolverem muito dinheiro, aventureiros financeiros e nenhuma fiscalização.
Todo o resto é diferente, inteiramente diferente.
A crise de 1929 teve a agravá-la a incompetência do presidente Herbert Hoover, eleito em 1928 e que só deixaria o Poder no início de 1933. Qualquer que seja o julgamento de Bush, Hoover (nenhum parantesco com o Hoover da CIA) foi muito pior.
O que chamam de “crack” da Bolsa de 1929 ficou pairando 4 anos, sem nenhuma intervenção oficial. Roosevelt era governador de Nova Iorque (1928-1932) e só assumiria a Casa Branca em 5 de março de 1933. Aí, sim, tomando as providências enérgicas e necessárias, estatizando tudo, desde energia, a metrô, água, ferrovias, nada parecido com o que se faz agora. Quando “compram” 36 por cento das ações do Citibanque, ações que serão devolvidas não demora muito.
Em 1929/30 ruim mesmo era a situação financeira. Mas se restringiu ao plano financeiro. (Foi aí que surgiram os “derivativos” e a “alavancagem”, que destruíram tudo. Quando o primeiro resolveu vender suas ações depois de 8 anos de alta ininterrupta, o edifício financeiro desabou.)
Centenas e centenas de aventureiros se mataram, o que, i-n-f-e-l-i-z-m-e-n-t-e, não aconteceu agora. A situação econômica era diferente. Tanto que, no mesmo ano, começaram a construir o Empire State Building, o edifício mais alto do mundo. E a seguir o da Chrisler, em frente ao Hotel Plaza, vizinho do Central Park, área valorizadíssima.
Os acontecimentos no mundo, também eram conflitantes, a palavra era e é essa. Roosevelt assumiu em 1933, mesmo ano em que Hitler era escolhido primeiro-ministro da Alemanha e começava a Segunda Guerra Mundial. (“Protegido” por Daladier, primeiro-ministro da França, e Chamberlain, primeiro-ministro da Grã-Bretanha.)
Em 1936, Roosevelt terminava seu primeiro mandato, morria o presidente da Alemanha, marechal Hindemburg, Hitler assumia o Poder total, que já exercia de fato. E em 1939, Roosevelt acabava o segundo mandato quando Hitler incendiava o mundo, na busca do que chamou de “Reich dos mil anos”, que não passaram de 10 ou 12.
Em 11 de novembro de 1918, em Versalhes, na Floresta de Compienes, a Alemanha assinava a “rendição incondicional”. (O Brasil representado por Epitacio Pessoa, que por isso seria presidente a seguir.) A Alemanha se comprometia a não ter Exército, Marinha e Aeronáutica. Só que 9 anos depois já dominava o mundo com suas poderosas forças armadas. Isso, surpreendente e contraditoriamente ajudou os países a se reerguerem. (Os criminosos de guerra mais perigosos não foram Hitler, Göering, Rommel, Goebels, e sim o doutor Schacht (gênio das finanças) e Albert Speer, o grande arquiteto da reconstrução.
Não compareceram ao Tribunal de Nuremberg, como réus, foram salvos pelos EUA. Passaram a trabalhar para os americanos, que consideravam “crime inominável” tirar a vida de “gênios” como eles.
Tendo assumido com 16 milhões de desempregados (os EUA têm hoje 13 milhões e a UE 18 milhões), Roosevelt diminuiu muito esse total, com a estatização verdadeira. Mas os desempregados desapareciam a partir de 7 de dezembro de 1941, com o ataque traiçoeiro do Japão. Praticamente todos os homens foram convocados, tudo transformado em “indústria de guerra”, sob o comando de John Kenneth Galbaith.
Como se vê, as aparências enganam, principalmente para os que não sabem ver em profundidade. Essa Segunda Guerra Mundial durou 6 anos, sem recessão, sem depressão, sem inflação. E ainda alimentaram o Plano Marshall, que a longo prazo destruiria a União Soviética. Elevaram os gastos militares a números tão avassaladores, que quando atingiram 70 por cento do orçamento soviético ela foi destruída, com a ajuda traidora de Yeltsin e Gorbachov.
PS – Isso é apenas um pedaço pequeno da História. A crise financeira de 1929 não se transformou em econômica. E pôde esperar 4 anos pela posse de Roosevelt.
PS 2 – A crise financeira de agora já traz em si mesma a condição de trauma econômico. Obama não pode esperar 4 anos, tem que tomar providências antes de completar 2 meses de governo. E já é cobrado de todas as formas. É a grande diferença que vai soterrar a esperança.
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