quinta-feira, 3 de maio de 2012


Lula critica modo de combate da crise mundial


O ex-presidente, que discursa após tratar de um câncer, afirmou ser contra as medidas de austeridade dos desenvolvidos
Lula discursou nesta quinta-feira na sede do BNDES; ao lado dele, o governador do Rio, Sérgio Cabral / Ricardo Stuckert/Instituto LulaLula discursou nesta quinta-feira na sede do BNDES; ao lado dele, o governador do Rio, Sérgio CabralRicardo Stuckert/Instituto Lula

 O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou, nesta quinta-feira, as medidas de austeridade adotadas pelos países desenvolvidos para combater os efeitos da crise econômica. Lula participou de um seminário promovido pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) sobre cooperação entre Brasil e África.

Segundo Lula, essas medidas representam corte de investimentos públicos, diminuição de salários, demissões, redução dos benefícios de trabalhadores e aumento da idade mínima para aposentaria.

“Eles pedem austeridade aos povos, aos trabalhadores e aos governos dos países mais frágeis economicamente, mas, ao mesmo tempo, aprovam pacotes de recursos no sistema financeiro justamente nos setores responsáveis pela ciranda especulativa que gerou a crise desde 2008. Ou seja, punem as vítimas da crise e distribuem prêmios aos responsáveis por ela. Há algo de muito errado nesse caminho”, disse.

Lula citou como exemplo positivo de postura diante da crise um programa elaborado pelos países africanos para integrar o continente, intensificando o comércio entre as nações do continente, propondo medidas para aumentar os investimentos, o consumo interno e elevar empregos.

“A União Africana mostra a seriedade daqueles que, diante da crise, não se desesperam. O momento é de ousadia e não de passividade. A hora é de união e não de divisão. O tempo é de solidariedade e não de opressão dos mais fortes sobre os mais fracos”, disse.

Lula discursou pela primeira vez em sete meses, desde que iniciou o tratamento de combate a um câncer na laringe. Ele chegou à sede do banco usando uma bengala e chegou a pedir compreensão da plateia, formada por empresários e autoridades brasileiras e de países africanos, porque teria que falar de forma lenta.

“Faz sete meses que não falo. Espero que não tenha desaprendido a falar”, desculpou-se o ex-presidente, que falou por cerca de 20 minutos.

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