da Efe, em Washington
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou que a recuperação econômica do país será difícil, apesar do pacote de estímulo que contempla um investimento de US$ 787 bilhões para recuperar a economia americana.
"O caminho que temos pela frente está cheio de perigos", afirmou Obama em discurso por rádio, transmitido todos os sábados aos americanos. O presidente afirmou que, com "força e sabedoria", o país poderá levar à frente a estratégia para "superar a crise".
Obama disse que o pacote que promulgou esta semana constitui "o plano de recuperação econômico mais profundo da história" e, como resultado de sua aplicação, três milhões e meio de americanos poderão fazer o trabalho que o país precisa.
O plano inclui ajudas para os estados, para educação e saúde, auxílio aos que correm perigo de execução de suas hipotecas e outros programas sociais, além de reduções tributárias.
Porém, Obama advertiu que o plano "é só o primeiro passo na recuperação econômica". "Não podemos deixar de completar esta caminhada", afirmou.
Para o presidente americano, isso exigirá neutralizar o aumento das execuções hipotecárias e a queda no valor dos imóveis, assim como a estabilização e reparação do sistema bancário para permitir que os créditos voltem a ser concedidos a famílias e empresas.
Obama frisou que dentro desse caminho para a recuperação também será necessário fazer "tudo o que existir para pôr sob controle o crescente déficit" fiscal, que beira US$ 1 trilhão.
Com esse último objetivo, Obama disse que na segunda-feira convocará uma reunião de especialistas, sindicatos e grupos independentes, além de membros do Congresso, para analisar formas de reduzir o déficit que diz ter sido "herdado".
sábado, 21 de fevereiro de 2009
terça-feira, 17 de fevereiro de 2009
Crise americana: onde começa e acaba o Estado (Pedro do Couto)
Embora Câmara e Senado dos EUA tenham chegado aparentemente a um consenso sobre o pacote de medidas proposto pelo presidente Barack Obama para enfrentar a crise financeira que continua avançando e se alastrando, a tempestade está longe de ser contida e resolvidos seus efeitos mais imediatos.
Em primeiro lugar, como revelou o correspondente de "O Globo" em Washington, José Meireles Passos, na edição de 12 de fevereiro, o montante do apoio que chegou a ser anunciado na escala everestiana de 2 trilhões de dólares (15% do PIB dos EUA) desceu para 789,5 bilhões de dólares.
O trabalho de Meireles Passos é primoroso. Reúne as perguntas em torno do elenco de iniciativas e cobra as respostas concretas. Estas ainda não apareceram. Passo a ter a impressão de que o conjunto de ações ainda se encontra na área de decolagem.
Mais marketing, menos conteúdo. Seja como for, a questão essencial reside na indagação: onde começa e termina o Estado em toda a questão que explodiu com o subprime? Este é o problema, raiz de todos os demais. Pois a ganância dos executivos americanos (e dos bancos também) destruiu a tese do Prêmio Nobel de 76, Milton Friedman, que sempre negou fortemente o impulso de que ganhar dinheiro de qualquer maneira seja a fonte das crises econômicas.
O subprime respondeu afirmativamente. Como no verso de Chico Buarque, a vida tem sempre razão. Não adianta complicar as coisas. A lógica, fundamental à vida humana, é sempre clara. Não fosse clara e transparente, não seria lógica.
José Meireles fez várias entrevistas, ouviu especialista, entre eles o também Prêmio Nobel de Economia Paul Krugman. Também colunista do "New York Times", Krugman concluiu que a crise está fora de controle.
Afinal, colocou-se, quem vai avaliar o valor dos títulos de empresas desqualificadas? Quais as garantias que o governo oferece para que investidores privados comprem títulos podres? Quem garante que a operação resgate dos bancos em crise é solução para os casos de hipotecas cujas prestações encontram-se em atraso? Estes casos são em torno de um milhão de residências.
Por que a Casa Branca socorre os bancos insolventes e não os mutuários? Se estes voltarem a pagar suas dívidas, os estabelecimentos de crédito melhoram sua liquidez.
Quais os tipos de ativos que os bancos venderiam para transformar a operação em dinheiro? Qual o volume a ser destinado aos grandes bancos? Esta pergunta é decisiva.
Pois os grandes bancos poderiam transformar os créditos em jogada lucrativa, assumindo os menores. Qual o tempo previsto para o encadeamento e execução do programa? Não pode ser indefinido. Neste caso, ocorreria uma estatização que levaria a uma imensa concentração de capital. Com dinheiro público.
Assim, todas as questões relacionadas pelo correspondente de "O Globo", da mesma forma que todos os caminhos levam a Roma, conduzem à indagação: onde começa e onde termina a ação do Estado? Tudo isso que está acontecendo prova que sem o poder estatal nada é feito.
Da mesma forma que sem o capitalismo, seja ele estatal ou privado. No fundo de tudo, predominam de modo absoluto tanto o capital, com sua ideia de lucro, quanto o Estado como ponto de partida e chegada. Interessante este tema. Hegel, Marx, Sartre, não pensaram na dualidade que ele contém. Uma pena.
Em primeiro lugar, como revelou o correspondente de "O Globo" em Washington, José Meireles Passos, na edição de 12 de fevereiro, o montante do apoio que chegou a ser anunciado na escala everestiana de 2 trilhões de dólares (15% do PIB dos EUA) desceu para 789,5 bilhões de dólares.
O trabalho de Meireles Passos é primoroso. Reúne as perguntas em torno do elenco de iniciativas e cobra as respostas concretas. Estas ainda não apareceram. Passo a ter a impressão de que o conjunto de ações ainda se encontra na área de decolagem.
Mais marketing, menos conteúdo. Seja como for, a questão essencial reside na indagação: onde começa e termina o Estado em toda a questão que explodiu com o subprime? Este é o problema, raiz de todos os demais. Pois a ganância dos executivos americanos (e dos bancos também) destruiu a tese do Prêmio Nobel de 76, Milton Friedman, que sempre negou fortemente o impulso de que ganhar dinheiro de qualquer maneira seja a fonte das crises econômicas.
O subprime respondeu afirmativamente. Como no verso de Chico Buarque, a vida tem sempre razão. Não adianta complicar as coisas. A lógica, fundamental à vida humana, é sempre clara. Não fosse clara e transparente, não seria lógica.
José Meireles fez várias entrevistas, ouviu especialista, entre eles o também Prêmio Nobel de Economia Paul Krugman. Também colunista do "New York Times", Krugman concluiu que a crise está fora de controle.
Afinal, colocou-se, quem vai avaliar o valor dos títulos de empresas desqualificadas? Quais as garantias que o governo oferece para que investidores privados comprem títulos podres? Quem garante que a operação resgate dos bancos em crise é solução para os casos de hipotecas cujas prestações encontram-se em atraso? Estes casos são em torno de um milhão de residências.
Por que a Casa Branca socorre os bancos insolventes e não os mutuários? Se estes voltarem a pagar suas dívidas, os estabelecimentos de crédito melhoram sua liquidez.
Quais os tipos de ativos que os bancos venderiam para transformar a operação em dinheiro? Qual o volume a ser destinado aos grandes bancos? Esta pergunta é decisiva.
Pois os grandes bancos poderiam transformar os créditos em jogada lucrativa, assumindo os menores. Qual o tempo previsto para o encadeamento e execução do programa? Não pode ser indefinido. Neste caso, ocorreria uma estatização que levaria a uma imensa concentração de capital. Com dinheiro público.
Assim, todas as questões relacionadas pelo correspondente de "O Globo", da mesma forma que todos os caminhos levam a Roma, conduzem à indagação: onde começa e onde termina a ação do Estado? Tudo isso que está acontecendo prova que sem o poder estatal nada é feito.
Da mesma forma que sem o capitalismo, seja ele estatal ou privado. No fundo de tudo, predominam de modo absoluto tanto o capital, com sua ideia de lucro, quanto o Estado como ponto de partida e chegada. Interessante este tema. Hegel, Marx, Sartre, não pensaram na dualidade que ele contém. Uma pena.
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